quinta-feira, 2 de outubro de 2025

International School of Curitiba – ISC Brazil lidera debate sobre Inteligência Artificial na Educação

 

Curitiba se consolidou como epicentro do debate educacional ao sediar a conferência AI4Good Learning nos dias 19 e 20 de setembro de 2025. Promovido pelo International School of Curitiba (ISC Brazil), o encontro reuniu 116 participantes, 17 palestrantes de 13 escolas e 6 empresas, incluindo especialistas de renome internacional como Tricia Friedman, da Shifting Schools, e Fiona Reynolds, Chief Learning Officer da UnconstrainED.



O evento proporcionou um mergulho intenso e necessário no tema mais efervescente da atualidade: a Inteligência Artificial na educação. A iniciativa do ISC foi amplamente elogiada, reforçando a visão de que é essencial que professores e pais compreendam e vivenciem essa transformação juntamente com os estudantes. O workshop teve como objetivo explicar os fundamentos da IA e ferramentas para análise de dados, e ajudar os participantes a entenderem as oportunidades e os riscos do uso da IA.

 

Mudança de cenário

Um dos pontos centrais da conferência, abordado na keynote de Fiona Reynolds, foi a discussão sobre o que está impulsionando a mudança na educação. O mundo está migrando de um modelo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo, Ambíguo) para o cenário BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible).


Para que as crianças possam ser otimistas e fortes neste mundo BANI, as escolas precisam mudar o seu foco:

  1. De Frágil para Resiliente: Em vez de fingir estabilidade, as escolas devem demonstrar resiliência através da adaptabilidade, com espaços de aprendizagem que possam se curvar e mudar, mas não quebrar.

  2. De Ansioso para Seguro, Consciente e Cuidado: As escolas devem se tornar âncoras de santuário, onde a segurança emocional e a conexão humana vêm antes da entrega de conteúdo.

  3. De Não-Linearidade para Aprendizagem Fluida e Multimodal: As escolas devem se parecer com laboratórios de inovação, explorando causa e efeito, ajudando os alunos a prosperar na incerteza.

  4. De Incompreensibilidade para Comunidades de Criação de Sentido: As escolas se tornam centros de criação de sentido, preparando os estudantes não para "resolver o incompreensível", mas para viver de forma significativa com ele.


A verdade sobre o aprendizado

Os palestrantes destacaram duas "verdades" fundamentais que a IA ajuda a abordar, desafiando a premissa de que os professores podem personalizar caminhos para todos os alunos todos os dias

  1. Todos os alunos podem aprender, mas não no mesmo dia ou da mesma maneira.

  2. Crianças entram em uma aula sabendo aproximadamente 40-50% do conteúdo, mas esse conhecimento difere de aluno para aluno. Aproximadamente um terço do que uma criança aprende em uma aula é único para ela.


Diante deste cenário, a IA surge como uma ferramenta essencial para transcender esta limitação humana e abordar a "Mentira" de que podemos criar caminhos personalizados para todos.

 

Ganhos para os estudantes: personalização e potencialização

A principal vantagem da IA na educação é a capacidade de apoiar caminhos de aprendizagem individualizados para os estudantes. A IA foi apresentada como uma ferramenta capaz de fornecer "Um Chão Baixo, Um Teto Alto e Paredes Largas". Essa metáfora sugere que a tecnologia garante acessibilidade (chão baixo), permite complexidade e avanço (teto alto), e oferece flexibilidade e amplitude de recursos (paredes largas).


  1. Atendimento a Necessidades Individuais: A IA, atuando como um "parceiro de pensamento" (Thought Partner), pode analisar dados qualitativos (como feedback, interesses e perfis de estudantes) e quantitativos (como notas e avaliações de dificuldade/atenção). Essa análise detalhada permite que os educadores modifiquem o conteúdo do curso e atendam melhor às necessidades específicas de cada aluno.

  2. Apoio na Orientação: Sessões específicas abordaram o uso eficaz da IA no aconselhamento (counseling) e para a função executiva.

  3. Fluidez na Aprendizagem: Os estudantes ganham com a capacidade da IA de processar grandes conjuntos de dados (como o Gemini, que lida com mais de 1 milhão de tokens, ou Claude, com 200.000 tokens), processando grandes volumes de informação.


O ISC já está na vanguarda e apresentou um estudo de caso sobre caminhos personalizados para estudantes no Ensino Fundamental II e Médio utilizando IA.

 

Ganhos para professores

A IA não serve apenas para gerar texto, mas é uma poderosa aliada na análise de dados que os professores coletam. Foram apresentados três níveis didáticos para começar a usar a IA na análise de dados:

  1. Nível 1 – Chat: Utilização de upload de arquivo direto para um LLM (como o ChatGPT). É adequado para conjuntos de dados menores, mas frequentemente exige lembretes e correções.

  2. Nível 2 – GPT Personalizado (Custom GPT): Utiliza instruções embutidas, exigindo menos correções. O modelo "entende" seu propósito e como acessar e usar os dados.

  3. Nível 3 – API & Assistente: Baseia-se na estrutura do Nível 2, mas exige conhecimento básico de programação, permitindo funcionalidades mais flexíveis e integração em serviços existentes.


Ferramentas como o Google AI Studio (gratuito, com janela de contexto longa e integração natural com arquivos Google) e o Claude (que cria belos "artefatos" baseados em dados) foram recomendadas. A chave é a criação de prompts eficazes, definindo a persona (ex: um especialista em análise de dados educacionais), o problema e os parâmetros (como anonimizar informações sensíveis).


Riscos e cuidados essenciais

A conferência não se limitou às oportunidades, mas dedicou tempo significativo aos "perigos" e às implicações éticas. A necessidade de abordar a equidade e a ética na implementação da IA foi destacada.


Princípios de cuidado:

  1. Privacidade e Dados: A sessão "IA, Privacidade e Proteção de Dados: Navegando Oportunidades e Riscos", conduzida por Pedro Pinheiro foi muito direta. É vital que as escolas e pais entendam o que a IA faz com os dados.

  2. Integridade Acadêmica: Fiona Reynolds conduziu sessões específicas para pais sobre a integridade acadêmica de seus filhos.

  3. O "Amigo" Não-Humano: A keynote de Tricia Friedman trouxe à tona a discussão sobre a IA Companheira (Companion AI). A IA Companheira é um "cachorrinho que crescerá rápido", e precisamos nos preparar. Pesquisas indicam que mais da metade dos adolescentes (13 a 17 anos) já usou IA Companheira.

  4. O Engajamento Crítico dos Pais: Se você é "amigo de pessoas", você deve se engajar na conversação sobre IA. O conselho crucial para pais e educadores é: iniciar conversas – sem julgamento – sobre quais plataformas os adolescentes usam e como eles se sentem sobre amizades com IA versus amizades humanas.

  5. Perguntas Éticas Chave: Precisamos questionar como um antropólogo (Quais valores culturais fazem parte do Companion?), um engenheiro (O que ele faz com os dados?) e um historiador (Que lições da história de nossa relação com companheiros valem a pena levar para o futuro?).

 

Vanguarda na educação

A realização do AI4Good Learning pelo International School of Curitiba reforça seu papel de liderança na preparação de estudantes, pais e educadores para um futuro de aprendizado "UnconstrainED" (sem restrições). Ao trazer palestrantes de alto nível e proporcionar um espaço seguro para vivenciar e debater os desafios da IA, o ISC demonstra que a segurança emocional e a conexão humana devem ser prioridade, mesmo em um mundo cada vez mais tecnológico. É uma iniciativa que serve de modelo para o país, mostrando que a adoção da IA deve ser guiada por uma abordagem de mentalidade infinita (Infinite-Minded Approach), ética e foco na equidade.


Foto: Fernando Severo.

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